Estanca esta minha reza antes que eu confesse
meus dissimulados tempos de angústia incrustada,
forjada secretamente com palavras mudas entre risos breves,
olhares distantes e meias verdades.
O amargo que exalo da língua é a minha defesa
e a lança que aponto em teu peito me fere na alma.
Não deixa que eu diga o que sinto,
que eu sinta o que penso,
que eu pense que sei já saber ser vodu de mim mesmo.
Pois hoje eu queria fazer um poema cortante,
que sangre, que vaze dos olhos, que verta o veneno.
Por isso preparo um altar para o sacrifício:
que o doce lirismo se queime na verve maldita
e o olho dos ventos me arranque essa pele de santo.
Devolva-me cada delírio e meus sonhos alados,
vomita esses meus pedaços que já mastigaste,
retira de minhas entranhas as tuas matizes
e impeça este meu ensaio de um vôo ao inferno.
(Celso Mendes)
segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010
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Um comentário:
que bom ver o blog andando!
Poema muito bom, Celso!
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