Marmóreo o meu leito? Ainda não.
Me esbaldo em colchões mais resilientes
Das gentes com quem vivo, da razão
Que cerca o que creio, ainda que descrente.
Gelado o meu repouso? Nem por nada
A vida não me é clemente, mas é mestra
E nessa mescla de viver e ser vivido
Sempre presto atenção no arranjo e notas
Que notas em mim, portanto és cúmplice
Cumpriste tua parte e eu a minha
Com um pé na sala, outro na platéia da ladainha
Sempre uma Eurídice silente.
Epicuro não me faz de si discípulo
Escapulo dessa ratoeira tola
Mas a essência do que vivo, essa mola
Me arremessa a distância respeitável.
Serei memorado, não memorável,
Serei lembrado por algumas coisas poucas
Nem lembráveis pelo que tinham de instável
Nem marcantes, pois nem eram assim loucas
E retorno a um leito, não repouso
Não o seria só por ser aonde pouso
Mas um plano, um equilíbrio intermediário
Onde escrevo, letra a letra, o meu diário.
domingo, 8 de novembro de 2009
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2 comentários:
gosto muuuito de te ler... =***
o que eu estava procurando, obrigado
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