quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Sonhei para trás...

Te ofertar um momento. Feito de chão de cimento em paulistânia desfrutável. Um momento agradável. Subimos a Nove de Julho, caminho do centro, em um Simca, DKW, Bel Air ou fusquinha, tanto faz, à busca de um bar ou restaurante, de uma casa de chá que ainda há, apenas depende da hora. Vamos embora.

Um filme no Metro ou no Comodoro. Cinerama, ah aí acende-se a chama, no espetáculo tecnológico das três imagens mal emendadas formando os cento e oitenta graus. Na saída, cuidado com os degraus, seu salto alto pode se enroscar no bisel, mas eu te apoio.

No cinema, selos roubados. Não há motéis, apenas cuidados para assistir corridas de submarinos no lago do Ibirapuera ou ver a cidade do morro do Morumbi. Essa cidade eu já vi.

Um drink em algum lugar. Qualquer um, afinal a cidade é um lar. Pode ser um Chopp em um alemão da Zona Sul, pode ser um Martini em um hotel do centro, mas não ficaremos lá dentro. Tudo nos convida e nada nos recebe amantes. Somos apenas instantes.

Te levo para dançar ou conversar em qualquer piano bar, onde se pode compartilhar uns beijos mais um pouquinho ousados. Afinal, de ambos os lados casais estão se beijando. E a cidade pulsando como nunca deixou de pulsar.

Nosso encontro, ou intercurso? Deixo a vez para tua criatividade. Afinal, estou falando da cidade onde se roia, displicente, a ponta do pão deixado em porta de casa de outra gente. O fino do fino da madrugada. E a gente lá, gravata desapertada, teu soutien já inútil, saltos altos no chão do carro ou nas mãos, ou ainda esquecido sobre um banco com vista para o lago do parque. A lua, ou ao menos algumas luzes brancas, criando reflexos, fazendo reféns da minha memória e da tua.

Ok. Sonhei para trás. Daqui para a frente, como é que a gente faz?

Nenhum comentário: